terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Leituras de 2016

Sou uma pessoa cheia de dúvidas, mas uma das certezas que tenho sobre mim mesma é que sou metódica e leitora voraz. Essa combinação - que provavelmente chega às raias da loucura - faz com que eu mantenha uma disciplina ferrenha sobre minhas leituras. 

Inicialmente, eu costumava anotar somente o título do livro e a data em que eu o havia lido. Depois, em 2009, criei uma conta no Skoob e acabei registrando tudo por lá mesmo. Mas, no início desse ano, eu tive a grande ideia de criar uma planilha no Google Docs e registrar todos os dados das minhas leituras num único documento.

Dividi a planilha nas seguintes colunas: título do livro; autor (a); gênero do escritor (homem ou mulher); data original de publicação; nacionalidade do autor; idioma em que li a obra; tradutor; editora; edição do exemplar que li; ano da edição lida; coleção/série; número total de páginas; gênero de literatura; fonte de aquisição (compra, empréstimo, presente, download); formato do livro (papel ou digital); data de término da leitura.

A minha planilha tem mais ou menos essa aparência:

O objetivo com a criação da planilha era ter uma compilação mais simplificada e de fácil acesso dos dados referentes às minhas leituras e, também, a geração de gráficos que me ajudassem a compreender mais sobre os meus métodos literários.

Com o fim do ano se aproximando, dei por finalizada a minha lista de leituras de 2016 e, enfim, pude gerar os tão esperados gráficos!

Esse ano eu li 47 livros, totalizando 10.899 páginas. Dessas leituras, 03 foram publicadas no século XIX, 08, durante o século XX, e 36, no século XXI, sendo 07 delas lançamentos em 2016. Com isso, posso concluir que sou uma leitora contemporânea. 

Minhas leituras foram bem equilibradas no que se refere ao gênero dos autores mas, ainda assim, os homens ficaram na frente com 51,1%. Eu tinha o objetivo de ler mais mulheres esse ano, mas às vezes os livros é que nos escolhem e os planos acabam ficando um pouco de lado.

Quanto à nacionalidade dos autores, fiquei impressionada com o empate entre brasileiros e estadunidenses, somando 27,7% das minhas leituras, cada um. Em segundo lugar, vieram os ingleses com 14,9% e, em terceiro, os franceses, com 12,8%. A partir desses dados, pude perceber que leio mais escritores estrangeiros.

Esse ano, eu me obriguei a diversificar minhas possibilidades de leitura entre os três idiomas que tenho domínio. Obviamente, os livros em língua portuguesa foram a esmagadora maioria, num total de 85,1%; em seguida veio o francês, com 10,6% e, por fim, o inglês, com 4,6%. Fiquei bem satisfeita!

A editora de quem mais li livros foi a Intrínseca e, apesar da minha busca em variar os gêneros literários, o mais lido deles foi o romance. Não é nenhuma surpresa pra mim que a grande fonte das minhas leituras ainda venha da compra (74,5%), mas fiquei muito admirada em saber da proporcionalidade que alcancei entre os livros em papel (53,2%) e os digitais (46,8%). Adoro os livros físicos, mas o espaço disponível para armazenamento está cada vez menor. Além disso, tenho uma preocupação sustentável também, o que tem me ajudado a dar preferência aos e-books.

Para facilitar a visualização de todas essas informações, elaborei uma espécie de "infográfico" (de recursos escassos - leia-se "feito no paint", porque não tenho nenhuma habilidade com ferramentas tecnológicas) que está logo abaixo.


Sempre tenho muita dificuldade em apontar meu livro favorito do ano e, por isso, vou listar os que mais me agradaram. São eles:

Vincent, Barbara Stok;
A garota dinamarquesa, David Ebershoff;
A Vida das Musas, Francine Prose;
O Mito da Beleza, Naomi Wolf;
Guia de uma ciclista em Kashgar, Suzanne Joinson.


  

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Autumn

Tenho reparado que já faz mais de um ano que não posto nada de novo no blog. Acredito que isso seja uma constante de todos aqueles que decidem enveredar nesse tipo de aventura. A verdade é que, de uns tempos pra cá, a disponibilidade para o blog passou a ser mais escassa diante dos compromissos – e da preguiça também, por que não? Contudo, o vácuo da ausência sempre ecoava em mim e me causava aquele desconforto de algo inacabado. Pois bem, agora estou de volta, por tempo indeterminado, de certo, mas de volta.

Além da longa ausência, a aparência do blog também me incomodou um pouco. Não que eu tenha enjoado do olhar da Jaroslava, mas acho que o blog merecia ganhar um novo aspecto depois de tanto tempo. Por fim, nem fiz tantas alterações, só mudei a imagem de cabeçalho mesmo. Da obra de Mucha (1860-1939), passamos para Barnet (1911-2012), um grande artista do século XX. O detalhe que ilustra a apresentação do blog foi retirado de uma de suas obras mais famosas: a série Silent Seasons. Nesse trabalho, Will Barnet retrata praticamente a mesma cena por meio de um único ponto de vista, mas com as peculiaridades de luz e sensações que cada estação do ano evoca.

Silent Seasons, Will Barnet. Litografia colorida em papel Rives BFK, 1968-1974. 66,2cm x 51,1cm.
Inverno, Verão, Outono, Primavera.

Escolhi a cena Autumn. Nela, há uma moça debruçada sobre uma mesa. Uma de suas mãos apoia o queixo e seu olhar parece vago, distante; uma pose de reflexão. Sobre a mesa, alguns livros e uma fruta. No parapeito da janela, uma papagaio observa a moça. E no recorte projetado pela janela, vemos a sombra de uma árvore lá fora. A luz é melancólica, mas passa a impressão de um ambiente aconchegante. Além de o outono ser a minha estação favorita, acho que a pintura de Barnet evoca a proposta do blog: um espaço acolhedor e reflexivo.

Ao longo de sua extensa vida, Will Barnet ficou conhecido por produzir pinturas que variavam entre uma forma simplificada de realismo e um simbolismo poético e visionário. Ele costumava dizer que havia se deparado com a pintura ainda criança e que, com ela, descobriu que ser um artista lhe daria capacidade de criar algo que viveria após a morte. Com seus traços singelos, Barnet realmente venceu a interrupção categórica da vida e sua obra continuará inspirando ou, até mesmo, modificando vidas. Essa página pessoal não tem finalidades grandiosas muito menos soberbas - inclusive, penso que escrevo para ninguém além de mim mesma - mas, é sempre bom estar envolta por pessoas e obras iluminadas, como Barnet.