terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Autumn

Tenho reparado que já faz mais de um ano que não posto nada de novo no blog. Acredito que isso seja uma constante de todos aqueles que decidem enveredar nesse tipo de aventura. A verdade é que, de uns tempos pra cá, a disponibilidade para o blog passou a ser mais escassa diante dos compromissos – e da preguiça também, por que não? Contudo, o vácuo da ausência sempre ecoava em mim e me causava aquele desconforto de algo inacabado. Pois bem, agora estou de volta, por tempo indeterminado, de certo, mas de volta.

Além da longa ausência, a aparência do blog também me incomodou um pouco. Não que eu tenha enjoado do olhar da Jaroslava, mas acho que o blog merecia ganhar um novo aspecto depois de tanto tempo. Por fim, nem fiz tantas alterações, só mudei a imagem de cabeçalho mesmo. Da obra de Mucha (1860-1939), passamos para Barnet (1911-2012), um grande artista do século XX. O detalhe que ilustra a apresentação do blog foi retirado de uma de suas obras mais famosas: a série Silent Seasons. Nesse trabalho, Will Barnet retrata praticamente a mesma cena por meio de um único ponto de vista, mas com as peculiaridades de luz e sensações que cada estação do ano evoca.

Silent Seasons, Will Barnet. Litografia colorida em papel Rives BFK, 1968-1974. 66,2cm x 51,1cm.
Inverno, Verão, Outono, Primavera.

Escolhi a cena Autumn. Nela, há uma moça debruçada sobre uma mesa. Uma de suas mãos apoia o queixo e seu olhar parece vago, distante; uma pose de reflexão. Sobre a mesa, alguns livros e uma fruta. No parapeito da janela, uma papagaio observa a moça. E no recorte projetado pela janela, vemos a sombra de uma árvore lá fora. A luz é melancólica, mas passa a impressão de um ambiente aconchegante. Além de o outono ser a minha estação favorita, acho que a pintura de Barnet evoca a proposta do blog: um espaço acolhedor e reflexivo.

Ao longo de sua extensa vida, Will Barnet ficou conhecido por produzir pinturas que variavam entre uma forma simplificada de realismo e um simbolismo poético e visionário. Ele costumava dizer que havia se deparado com a pintura ainda criança e que, com ela, descobriu que ser um artista lhe daria capacidade de criar algo que viveria após a morte. Com seus traços singelos, Barnet realmente venceu a interrupção categórica da vida e sua obra continuará inspirando ou, até mesmo, modificando vidas. Essa página pessoal não tem finalidades grandiosas muito menos soberbas - inclusive, penso que escrevo para ninguém além de mim mesma - mas, é sempre bom estar envolta por pessoas e obras iluminadas, como Barnet.

Nenhum comentário:

Postar um comentário