quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Ciclo de palestras sobre a história de Nova Friburgo

Durante o mês de setembro, entre os dias 05 e 26, participei da organização de um ciclo de palestras sobre a história de Nova Friburgo em comemoração aos 190 anos de estabelecimento da Igreja Luterana  no município.

Cartaz de divulgação do Ciclo de Palestras ilustrado com o símbolo da IECLB e com a fachada do prédio da Igreja Luterana construído em meados do século XX.

Na verdade, o aniversário da Igreja Luterana ocorreu no dia 03 de maio, data em que chegaram os primeiros imigrantes alemães à Nova Friburgo e também ao Brasil, em 1824. Eles traziam consigo a profissão de fé luterana e, assim, deram origem à primeira igreja protestante da América Latina.

Nas comemorações do dia 03 de maio deste ano, celebramos um culto de ação de graças bilíngue com a participação das principais autoridades da IECLB (Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil). Mas, devido à data simbólica, sabíamos que era necessário expandir as celebrações. Dessa forma, o partor Adélcio Kronbauer, que exerce o pastorado desde o final de 2010 em Nova Friburgo, teve a ótima ideia de realizar um ciclo de palestras.

Por eu ser historiadora, recebi o convite do Pr. Adélcio para ajudá-lo na organização. Concluímos, em primeiro lugar, que a Igreja Luterana representava um local privilegiado para um evento desse porte, já que os seus 190 anos de existência se confundiam com os 196 anos de história do município de Nova Friburgo. Portanto, a Igreja Luterana acompanhou os principais fatos do passado friburguense e ainda hoje desempenha importante papel na socidade local.

Em segundo lugar, nosso objetivo era proporcionar ao público um distanciamento do senso comum e das informações banalisadas e permitir-lhes uma aproximação da pesquisa histórica baseada em fontes primárias. Para tanto, precisaríamos contar com profissionais especializados, o que não é uma dificuldade em Nova Friburgo, um município que conta com um número expressivo de pesquisadores.

Dessa forma, entrei em contato com os especialistas mais renomados de nossa cidade para propor-lhes a atividade. Todos eles foram solíticos e aceitaram o convite prontamente! Além disso, se disponibilizaram em forcener seu trabalho gratuitamente!

Nossa primeira palestra, dia 05 de setembro, contou com a participação do Dr. Jorge Miguel Mayer que falou sobre o “Cotidiano e religiosidade na colônia de Nova Friburgo”.  O professor Jorge Miguel é historiador pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestre em Studi Europei pela Università degli studi di Roma Tre e doutor em História pela Universidade Federal Fluminense. Atualmente é professor titular da Universidade Federal Fluminense. Seus principais estudos versam sobre a imigração, a colonização e a região rural de Nova Friburgo. Coordenador da publicação “Teia Serrana: formação histórica de Nova Friburgo”.

O Dr. Jorge Miguel Mayer durante sua palestra.

A segunda palestra, dia 12 de setembro, intitulada “A industrialização em Nova Friburgo”, foi proferida pelo Dr. João Raimundo de Araújo, historiador pela Universidade Federal Fluminense, especializado em História do Brasil pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, mestre e doutor em História pela Universidade Federal Fluminense.  Atualmente é professor titular da Faculdade de Filosofia Santa Dorotéia, membro do corpo editorial da Revista História e Lutas de Classes e presidente da Comissão da Verdade de Nova Friburgo. Os seus trabalhos mais significativos tratam da industrialização e urbanização de Nova Friburgo e, também, a construção do mito da “Suíça Brasileira”. Coordenador da publicação “Teia Serrana: formação histórica de Nova Friburgo”.

O Dr. João Raimundo de Araújo durante sua palestra.

No terceiro dia de palestras, 19 de setembro, recebemos a Me. Maria Janaína Botelho Corrêa que nos presenteou com a palestra sobre “O clima de Nova Friburgo: um ator histórico”. Janaína Botelho possui graduação em Ciências Jurídicas e é especialista e mestre em História. Atualmente é docente da Universidade Cândido Mendes de Nova Friburgo onde ministra a disciplina de História do Direito. Além de sua coluna semanal no jornal A Voz da Serra sobre a história de Nova Friburgo, é muito conhecida por suas publicações. A principal delas se intitula “O Cotidiano de Nova Friburgo no Final do Século XIX: Práticas e Representação Social”.

A Me. Janaína Botelho durante sua palestra.

Nosso último dia de palestras, 26 de setembro, foi fechado com "chave de ouro" pelo Dr. Ricardo da Gama Rosa Costa que trouxe uma comunicação sobre o "Cotidiano e Política no entreguerras”. Ricardo é historiador pela Faculdade de Filosofia Santa Dorotéia, mestre e doutor em História pela Universidade Federal Fluminense. Atualmente é professor adjunto e coordenador do curso de História da Faculdade de Filosofia Santa Dorotéia e membro do corpo editorial da Revista História e Lutas de Classes. Possui vasta produção bibliográfica dentre artigos, capítulos e livros, os quais abordam, principalmente, a economia e a política do século XX.

O Dr. Ricardo Costa durante sua palestra.

No decorrer do mês de setembro, através dos quatro dias de palestras, recebemos um público de 98 pessoas, formado por estudantes, profissionais, aposentados, mas, acima de tudo, pessoas interessadas em saber mais sobre a história de nosso município. Por meio das palestras, o público teve a oportunidade de ter um contato mais aproximado com a história comprometida com a pesquisa e tirar suas dúvidas com especialistas. Além disso, tenho certeza que todos nós que acompanhamos as palestras, pudemos refletir sobre o passado, sobre as suas heranças que ainda se fazem presentes e o nosso papel diante dos fatos atuais. Esse é o maior legado da história: nos ajudar a refletir e participar ativamente da construção da nossa sociedade.

O Pr. Adélcio diante do público na estréia do Ciclo de Palestras.

Para mim, poder participar da organização do evento foi uma espécie de realização pessoal. O meu papel foi um trabalho de formiguinha, nada demais se comparado ao dos palestrantes. Participo da comunidade luterana há cinco anos e durante esse tempo já cantei no coral da igreja, atuei nas peças de natal, ou ajudei na recepção de visitantes. Mas essa foi a primeira vez em que pude fazer uso da profissão à qual me dedico. Beruf, em alemão, significa mais do que uma profissão, mas sim, um dom, uma missão. E, através do Ciclo de Palestras, finalmente eu me senti realizada em poder usar o meu conhecimento profissional para contribuir no papel social que a igreja desempenha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário