quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Viagem a Belo Horizonte

Quinta-feira passada, dia 09 de outubro, viajei rumo a Belo Horizonte para participar do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia (14snhct.sbhc.org.br). O evento, organizado pela Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC), teve duração de quatro dias e contou com conferências, mesas-redondas, minicursos e simpósios temáticos. De acordo com o Caderno de Resumos do seminário, o SNHCT deste ano contou com mais de 900 participantes, um recorde de participação que indica o crescimento da comunidade de pesquisadores da história das ciências no Brasil.


Minha apresentação foi encaixada no simpósio sobre desenvolvimento econômico, ciência e tecnologia, coordenado pelo professor Luiz Carlos Soares, da UFF. Tratei sobre a tecnologia empregada na construção da Estrada de Ferro de Cantagallo, um dos temas abordados na minha dissertação de mestrado.

Aproveitei a oportunidade de estar pela primeira vez na capital mineira para passear e conhecer alguns pontos turísticos do local. Como também pesquiso jardins históricos, não poderia deixar de visitar os pincipais parques da cidade. 

No sábado pela manhã, visitei a Praça da Liberdade localizada na região central. Criada ainda na época da fundação da capital (1895-97), ela conta com um traçado típico dos jardins clássicos: linhas e alamedas retas, espelhos d'água, repuxos, corbeilles (canteiros exclusivamente de flores), além da arte topiária (poda de árvores e arbustos). Além de um belo e agradável local de socialibilidade, a praça é reconhecida como um dos principais circuitos culturais do Brasil. Seu entorno reúne vários museus e galerias de arte, como o CCBB, a Casa Fiat da Cultura, o Espaço do Conhecimento UFMG, o Memorial Minas Gerais - VALE, o Museu das Minas e do Metal e o Palácio da Liberdade.


Em seguida, fui passear no Parque Municipal, distante cerca de 1 km da Praça da Liberdade. Esse parque é um belo exemplo dos jardins românticos do século XIX. Projetado pelo paisagista francês Paul Villon, aluno do famoso Auguste Glaziou, foi inaugurado em 1897. Em seus 180 mil metros quadrados, há muitos lagos cortados por alamedas sinuosas ladeadas por todo tipo de árvores e plantas. Há ainda muitas pontes imitando troncos de árvores, pavilhões, ruínas e recantos pitorescos, tão comuns no ideal romântico. Numa parte do jardim, havia também diversos brinquedos de parques de diversões e acabei indo na roda gigante pra conferir a paisagem do parque lá de cima. Foi uma experiência muito divertida! Além disso, também remei num dos lagos. Apesar de nunca ter feito isso antes, até que me saí bem e pude ver o parque de um outro ângulo.


Após o almoço, fui conferir as atrações da Pampulha. Lá estão localizadas as principais obras do modernismo brasileiro. Desci do ônibus no ponto próximo à Igreja de São Francisco de Assis. Com projeto de Oscar Niemeyer de 1940, também conta com um belíssimo afresco de Cândido Portinari. A visitação ao interior é cobrada e custa R$ 2,00 a entrada inteira. Lá dentro não é permitido fotografias devido aos direitos autorais. Como é possível ver o interior por uma grande parede de vidro, muitas pessoas não visitam a igreja. Eu optei por visitar e, afirmo, que foi uma experiência belíssima. Lá dentro, sem nenhuma interferência do exterior, eu pude ver os detalhes das tesselas, os quadros da via crucis, a sutileza das curvas da abóbada. Diante do afresco de Portinari é impossível não se emocionar! Do lado de fora, a lagoa nos oferece uma bela vista e a ótima companhia das fofíssimas capivaras!


Em seguida, resolvi fazer uma visita guiada ao estádio de futebol do Mineirão. Percorri a distância de mais ou menos 1 km para saber que as visitas já haviam acabado naquele dia! Fiquei um pouco indignada e decepcionada por ter caminhado embaixo daquele sol de uma hora da tarde e dar com a cara na porta. Então decidi dar meia volta e ir até a Casa do Baile, mais 2 km pela frente... Trilhei as bordas da lagoa, o que foi bem agradável. Mas, confesso, que no meio do caminho já estava desesperada por nunca avistar a casa! Quando lá cheguei, meus pés e minhas pernas estavam doloridos. Mas logo me esqueci desse detalhe diante da beleza da construção. A Casa do Baile, também projeto de Oscar Niemeyer, conta com um jardim do paisagista Burle Marx que se comunica perfeitamente com a edificação e com a marquise em forma livre. Construída para ser um restaurante dançante, hoje a casa abriga o Centro de Referência de Urbanismo, Arquitetura e Design.


Não aguentando mais continuar o percurso a pé, resolvi chamar um taxi (não há ônibus!) e ir até o Museu de Arte da Pampulha. Infelizmente, nenhum dos taxis que passavam estavam disponíveis. Dessa forma, eu achei melhor fazer o retorno e ir até a Casa Kubitschek. Consegui pegar um taxi e, em poucos minutos, eu estava diante da residência de campo de JK. À primeira vista, a casa já é estonteante. A arquitetura modernista também de Oscar Niemeyer (1943), com telhado borboleta e platibanda com detalhes em madeira, localizada aos fundos de um belo jardim de Burle Marx, forma uma paisagem elegante e aconchegante. No seu interior, estão o mobiliário original da casa, testemunho dos hábitos e do modo de morar de meados do século XX. Há intervenções artísticas em alguns pontos da residência, como projeções, quadros pendentes e frases afixadas nas paredes, o que torna a visita mais lúdica, viva e emocionante. Os funcionários foram superatenciosos e simpáticos, característica do povo mineiro. Sem dúvida, a Casa Kubitschek foi o meu local de visitação favorito!


Sem energia pra continuar, eu dei por finalizado o meu passeio na Pampulha. Apesar de perder outras atrações de igual importância, eu fiquei satisfeita com os locais que pude conhecer pessoalmente. Com a ajuda de um amigo, ainda consegui ir a Praça do Papa e ao Mirante das Mangabeiras, locais de onde a paisagem da capital mineira se descortina ao nosso olhar. Recomendo!


Dica de hospedagem: Collaborate Design Hostel. Albergue muito bem localizado. Tem espaço numa belíssima casa modernista com uma decoração contemporânea e descontraída.

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